Clube de leitura: 6a rodada


"O curativo foi feito em cerca de trinta minutos e eu já descrevia o longo caminho daquele corredor até a saída, quando olhei para um leito através do vidro. Aquele simples olhar mudou uma vida."
Uma história sobre fé e esperança.


Classificação: Livre
Categorias: Originais 
Gêneros: Romance

 ♥♦♣♠

Leituras: 


Anne L 
(Liga dos betas)

A primeira coisa a me chamar a atenção foi a narração. Gostei bastante do tom dela. A personagem principal nem tinha nome e me conquistou assim mesmo, bem facinho. As palavras soavam tão naturais, simples, e, mesmo com só uma descrição curta, a vida dela em pareceu muito real. Difícil achar essa pitada de realidade em histórias, o que é um pouco irônico. 

Falar em destino normalmente soa bobo, mas gostei da colocação. De novo, ficou bem natural. E a moça encontrando o rapaz em coma... Um doce. Aí, porém, achei que desandou um pouco. Não sei se a intenção era essa ou não, mas as visitas dela acabaram ficando muito rápidas. A história começa de um jeito, com uma progressão, e de repente aconteceu isso, aconteceu aquilo e, pronto, acabou. Poderia ter desenvolvido um pouco mais, acho que ficaria interessante. Até mesmo o tom natural da narração que eu comentei no início se perdeu, ficou arrastado.

Achei também que a descrição do rapaz deixou um pouco a desejar. No meio da narração com um pé na realidade, falar de pessoas que "lembram anjos" ou têm o "rosto esculpido" soa até um pouco bobo, além de evidentemente clichê. E não acho que descrever alguém assim de fato descreva muita coisa.

No mais, foi lindo ele ter os olhos "insanamente azuis", como ela falou. Adorável mesmo, me trouxe um sorrisinho. De um modo geral, gostei da história, só faltou explorar mais o final.


Thammi Lima 
(Liga dos betas)


Eu nunca participo do Clube de Leitura por falta de tempo, por perder os prazos e por outros motivos que agora não são o caso. Porém, dessa vez, resolvi que abriria uma brecha no meu pouco tempo para participar do projeto, algo que sempre quis fazer. Pronto, estava decidido, eu iria participar. E tenho que admitir que foi a melhor ideia que tive. Que texto gostoso de ler!

Quarto número quinze é aquele tipo de história que você lê prevendo uma tragédia e por ter a curiosidade de ler até o fim é recompensado com um final encantado. Que simpatia nossa personagem principal! Ficou devendo no nome, afinal, vamos concordar que tamanha bondade deveria ter nome, certo? Ela, sozinha por tanto tempo, esperando sua vida seguir o curso rotineiro, que baque não teve ao ver-se envolvida com alguém que nem conhece!? Possivelmente, sua solidão deve explicar o fato de ter se apaixonado tão rápido e em tão pouco tempo. Porque aquilo foi amor à primeira vista, por mais que se queira negar.

E o acidentado, pobre dele, também inominado. Uma pena! Uma perda! A enfermeira podia ter nos informado um nome, para que a história brilhasse ainda mais. Mas o que não deixou mesmo de brilhar foi a esperança da nossa amiga com relação ao rapaz. Está aí uma coisa que não se vê muito: esperança de dias melhores. E melhora! Uma melhora progressiva, uma vitória a cada frase nova. E como que para fechar gloriosamente, as palavras finais, que refletem o quão importante foi o apoio da mocinha no processo de recuperação do rapaz. Lindo!

Acredito que maior riqueza de detalhes teria deixado o texto mais firme. Talvez se fosse relatado que ela voltou outras vezes, que esse sentimento que ela criou com ele, esse laço, fosse explicitado pouco a pouco, antes dos sinais de melhora, antes do beijo entre eles, a emoção seria maior, a ansiedade que dá para se descobrir o fim de tudo seria maior.

É uma história bonita, que pecou pela falta de nomes, de certa profundidade dos personagens, no diálogo entre a mulher e o rapaz. O final foi bonito, porém poderia ter ficado ainda mais interessante se eles trocassem mais algumas palavras e o leitor conseguisse perceber o destino-final de ambos.


De toda forma, uma história linda.

Carolina Fernandes



A ideia da história não é nada que ainda não foi visto, pelo contrário, o tema abordado é algo até mesmo comum e de início não chega a despertar tanto interesse, mas a autora escreve bem e coloca boa fluidez nas palavras, portanto cria a vontade de dar uma chance à one-shot, o que não causa arrependimento.

Sim, de fato, os acontecimentos narrados se desenvolvem rápido de mais, como se você estivesse vendo pequenos flashes de memória da narradora. Talvez essa seja a parte que tenha deixado a desejar, as descrições. Se elas houvessem sido mais detalhadas, a história poderia ter ganhado uma intensidade surpreendente e quem sabe teria me feito chorar, coisa que não aconteceu, mesmo que eu tenha achado-a linda. De qualquer forma, o enredo ficou completo, houve um começo, um meio e um fim, por isso não existe motivo para não gostar da one-shot.

Eu já esperava pela final, talvez por ser uma pessoa esperançosa, mas o enredo não guia o leitor à certeza de como irá ser o final até os últimos parágrafos, outro ponto positivo, já que uma história muito óbvia se torna um tanto maçante.

Creio que, em geral, posso dizer que é uma ótima one-shot, bem desenvolvida e que consegue despertar sentimentos no leitor. Ela deixa ao final a vontade de se descobrir o que acontece em seguida, a vontade de saber as consequências do que a narradora contou. Sem contar o ótimo português com deslizes tão minúsculos que passam sem serem notados.

Eu realmente gostei do enredo e da forma como foi desenvolvido, por isso indico a leitura.

Cupcake do wes

Não é apenas uma one-shot, não é apenas uma história, são 1.116 palavras que caminham para a conclusão de algo lindo.

É uma historia simples, mas é exatamente essa simplicidade que torna tudo mais mágico e único. O simples acaso que uniu duas pessoas que precisavam de alguém, que precisavam de um amigo.

Essa historia não somente fez meu coração em pedaços como o fez pular de alegria com o fim mais perfeitamente merecido de todos!

O amor e a esperança juntos podem fazer toda a diferença, e esses personagens mostraram isso.

E o que mais posso dizer se não um parabéns à autora?!

Obrigada por essa historia, você me emocionou.

Sarah Mean

Assim que comecei a ler Quarto número 15 fiquei imaginando o que aconteceria a narradora da fanfic, acho que foi mais por causa da sinopse que tinha um trecho, mas no fim eu fui levada a outro lugar, bem diferente da minha expectativa, de um modo positivo pra deixar claro
.
Normalmente ficwriters encontram dificuldade com o ritmo ao escrever ones, talvez por isso essa me agradou tanto, ela tem uma continuidade boa.

A escritora, Miss Page, fez um ótimo trabalho usando um tema simples como o coma, e isso achei positivo. Recomendo, especialmente pra quem gosta de finais felizes e um certo romantismo.

Hairo Rodrigo


O título da história foi bem escolhido. Ele é enigmático e curioso, além de se encaixar bem com o enredo. Remete-se bem à trama, e ainda assim não é revelador. E atrai o leitor, como todo bom título deve fazer. Confesso que por um momento achei que o narrador seria o paciente do quarto 15.

O enredo é simples, mas por se tratar de temas delicados, pode apresentar diversas armadilhas ao autor. Uma pessoa não reconhecida e em coma, sem esperança de recuperação, pode levantar discussões seríssimas para aqueles mais engajados social e politicamente, podendo chega até mesmo à eutanásia. O autor, entretanto, escolheu ignorar todos esses outros aspectos, e se focou na relação que sua personagem principal tem com o paciente desconhecido.

Gosto da escolha da narrativa em primeira pessoa para essa história. Acho que em um texto tão curto, ela pode ser uma arma poderosa para o enfoque do roteiro e a aproximação com o leitor. Achei interessante como em alguns momentos você quebra o uso das colocações pronominais para deixar o texto mais ligado à oralidade. Apesar de gramaticalmente incorretas, suas construções são mais próximas do dia-a-dia e, portanto, mais condizentes com a narração em primeira pessoa.

Tendo dito isso, acho que o desenvolvimento da história e dos personagens deixa muito a desejar. Pouco mais de mil palavras foram demasiadamente insuficientes para contar essa história. Em diversos momentos, vemos descrições curtas demais, ou fatos e acontecimentos explicados de maneira insuficiente e até mesmo fria e distante, como o corte, ou como os “triunfos” narrados. Isso faz com que a história de roteiro simples se torne, na verdade, simplista.

Desde o momento em que a narradora corta a mão até o momento em que o paciente do quarto acorda, falta sentimento ao texto. O que a narradora sente é normalmente descrito com uma palavra, ou uma única expressão. Não há um debate interno da narradora (que seria esperado na narração de primeira pessoa), o que era de se esperar de uma pessoa que visita diariamente um paciente desacordado e desconhecido. 

Além disso, por muitas vezes os fatos narrados parecem longe da realidade de um hospital ou de um homem não identificado em coma. A displicência da enfermeira perante as informações do caso médico, a falta de presença, participação ou até mesmo das reações dos médicos quanto à recuperação repentina e inesperada do homem (que pelo descrito é um milagre da medicina) são alguns dos detalhes que faltaram para deixa o texto mais palpável.

A passagem do tempo é contada de maneira irregular. Foram cerca de vinte por cento do texto entre a chegada da narradora em casa e o seu corte na mão, enquanto apenas dois parágrafos são usados para mostrar a passagem dos meses em que a narradora criou uma conexão emocional com o paciente do quarto. Conexão essa que é (ou deveria ser) o tema principal do conto.

Por fim, o momento em que o paciente finalmente recupera a consciência serve para ilustrar o que apontado acima, provando que o autor prezou mais pelas características ideais da história (fazendo ela mais parecida com um sonho distante do que com uma realidade aceitável), do que prezou pela verossimilhança e proximidade com o leitor, tornando assim o seu texto previsível e irreal.

No geral, acredito que a história tinha potencial para ser boa - principalmente no seu inicio - mas acredito que deveria ter sido mais bem explorada.

Olívia Sontag

Eu interpretei a história como sendo um sonho paralelo entre o real e o imaginário do inconsciente. Me soou como sendo um desejo frenético do coração da personagem, como se tudo o que ela tivesse vivenciado com aquele rapaz no quarto fosse fruto dos seus sonhos mais descontrolados. Em minha mente, aquela estudante de Física me soava muito solitária e, talvez, essa one-shot fosse, na realidade, uma outra fanfic.

Eu gostei do português ótimo da leitora, algo raro, e também da forma como ela levou a história. Só não me agradou o fato de ser simples. É bela, mas muito simples. Ela poderia ter feito algo mais longo e mais dramático.

Elyon Somniare



O conto parte de uma premissa que, não sendo original, não perdeu ainda a sua beleza: uma jovem que, deparando-se com um rapaz em coma, acaba por se apaixonar pela ideia que, talvez inadvertidamente, cria dele. Ela nunca o viu antes, não teve oportunidade de conversar com ele, saber da sua personalidade, das ideias… Mas ainda assim, sente um certo fascínio que a atrai e a leva a visita-lo com frequência, até ao final, que apesar de ser aberto, permite antever o rumo que a história de ambos tomará a partir daí.

É a segunda vez que leio este conto, e não só folguei em ver que algumas das falhas que antes tinha foram eliminadas, como notei que a sua leitura manteve o efeito aprazível. Há alguns erros de digitação – em especial relativamente à pontuação – e um maior desenvolvimento das personagens teria envolvido mais o leitor, especialmente no início: no primeiro parágrafo a personagem diz-nos o essencial sobre ela, em vez de o demonstrar. Embora eu concorde que o telling seja necessário, neste caso o showing poderia ter beneficiado mais.

Em conclusão, trata-se de uma história simples, de cariz optimista, com uma escrita agradável, que julgo agradará à generalidade dos leitores.

The Escapist

Em Quarto Número 15, conhecemos uma jovem que está tendo mais um dia normal na sua rotina, mal sabia ela que o simples fato de resolver cozinhar uma sopa naquele fim de tarde de céu com cor de chumbo em Seattle, causaria uma grande mudança em sua vida. Pois bem, um pequeno acidente obriga a nossa protagonista a ir ao hospital, e lá ela depara-se com um jovem misterioso em coma. Ela passa a visitá-lo frequentemente, e até a conversar com ele, mesmo sem ter certeza de que pode ser ouvida. Bem, a autora Miss Page tem uma narrativa boa, livre de erros gramaticais e bem leve, que não deixa os parágrafos truncados demais, nem usa muitos floreios, resumindo, ela escreve em bom português, o que deixa a leitura muito mais agradável. A história é ótima e super envolvente, é impossível não torcer pelo jovem misterioso. O único ‘porém’ é que eu fiquei curiosa para saber mais sobre ele e sobre sua vida, o que tinha acontecido antes e o que aconteceu no exato momento em que a fic acaba.

Holly Robin
(Liga dos betas)



Seria errôneo de minha parte falar que história não foi clichê, porque ela foi. E muito. 

A personagem principal não traz elementos novos. Logo pela sinopse, um leitor mais perspicaz já imaginaria um perfil semelhante para a garota que, por sinal, ainda consegue fazer cortes absurdamente ‘ninjas’ na própria mão. Convenhamos, são muito raros os conseguem se cortar logo no primeiro movimento com a faca. Isso, além de irreal, é algo muito forçado. Ela precisava estar bem distraída para que isso acontecesse.

Um dos problemas da narrativa em primeira pessoa é que você não tem um panorama muito amplo da cena. Ele é restrito apenas àquela pessoa em questão. No caso da nossa física solitária, eu fiquei me perguntando: seria mesmo esse rapaz tão lindo quanto ela falou? Simplesmente não faz sentido uma pessoa tão bonita ficar tão solitária no hospital. Pode ter certeza de que pelo menos umas dez garotas já teriam corrido para perto dele.

O tema abordado é algo que gera muitas controvérsias. É triste encarar o fato de que muitas pessoas são abandonadas em hospitais pelos seus parentes, principalmente as que entram em coma, pois muitos acreditam que nesses casos já não é possível ter salvação. 

Tirando os elementos clichês básicos, a história, com suas frases curtas, conseguiu prender a atenção do leitor. A leitura é rápida e de fácil compreensão. Pelo número de palavras, seria impossível exigir cenas mais lentas, mas o que foi escrito, mesmo com tantas incoerências, foi o suficiente para proporcionar uma agradável leitura. 

Outro ponto a ser comentado é a sinopse. Simplesmente copiar e colar um trecho do seu texto, não é uma das melhores táticas. Isso só se torna algo agradável para a leitura quando a cena é realmente chamativa. Nesta história, por sorte, o trecho escolhido foi tocante o suficiente para chamar a minha atenção.

O final, que não pode deixar de ser citado, mesmo sendo o mais clichê do mundo, deixou um gostinho agradável à leitura. Você é capaz de se sentir alegre junto da principal. Realmente, traz esperança. Eu me senti alegre.

O trabalho, no todo, ficou bem feito e conseguiu cumprir seu objetivo. Transmitiu para o leitor a sua mensagem e proporcionou um agradável momento de leitura. Não merece uma recomendação de minha parte, mas merece o meu voto de história fofa do mês, pois é muito difícil ser tão simples e agradável.

Deathless Nokas
(Liga dos betas)



Se eu tivesse de atribuir uma qualidade a essa história, eu diria que ela é incrivelmente optimista. O que é muito bom para mim enquanto leitora, já que sou uma romântica inveterada, mas que me deixou quase a adivinhar o final assim que percebi aonde é que a história estava a chegar.

Gostei imenso da protagonista. Aceita os impulsos que tem, sem os questionar minimamente, que é uma coisa de louvar. Eu poderia ter ficado a pensar imenso no rapaz do quarto 15, mas, muito provavelmente, não voltaria lá para vê-lo. Ainda bem que ela foi!

A história é bem simples (é uma one shot, o que também influencia a complexidade que poderá ou não chegar a ter) e, como já disse, muito optimista. Ela defende uma teoria positiva relativamente a pacientes em estado comatoso. E isso deixa o leitor a sorrir, com a possibilidade de isso acontecer na vida real e com o final feliz que os dois tiveram.

Gostei da oposição de cores. Não sei se foi apenas a minha imaginação a contrastar as duas situações dessa maneira, mas imaginei a primeira parte a preto e branco. Talvez o tenha feito por causa da menção ao céu de Seattle. Depois, quebrando a monocromia, apareceu o sangue vermelho vivo, forte, cheio de intensidade. De certa maneira, mostrou-me, enquanto leitora, que “há vida no cinzento”. E, por causa disso, ela teve de ir ao hospital. A partir dessa altura, comecei a imaginar tudo branco: o hospital, o ambiente, o anjo e até cheguei a “visualizar” o espanto “branco” da protagonista. Vejo cores nas histórias, que são símbolos de sentimento. O branco é felicidade, admiração e surpresa. A partir daí, o branco de “espanto” passou a ser sinónimo de “alegria”.

Imaginei a protagonista a ir lá muitas vezes. A aparecer lá com roupa de verão e queixando-se do tempo quente; a passar pelo hospital com roupa de inverno e com flocos de neve presos no cabelo, queixando-se do frio. E o rapaz ali deitado, ouvindo tudo o que ela dizia e vivendo o mundo exterior através dos relatos dela...

Por causa disso, acredito que ele tenha criado, dentro de si, o enorme desejo de poder voltar a experienciar tudo o que ela lhe contava. E, com o tempo, passou a querer conhecer a dona daquela voz, mais até do que queria voltar a sentir a neve contra a pele da cara, no inverno, ou as ondas contra o corpo nú na praia, no verão.

Assim, acordou. Encontrou-a. E eu terminei a leitura com um sorriso! Gostei muito de ler esta história: é simples e romântica; é bem directa e foca-se apenas naquilo que é necessário.

Indo um bocadinho mais longe, posso dizer que fiquei surpreendida pela reacção dele. Ele foi demasiado “aceitador” de tudo isso. Se eu tivesse acordado, provavelmente perguntar-lhe-ia “porquê?”. Porque me beijou, cedendo a um impulso, sem nem saber se eu queria ou não? Porque apareceu ali do nada e começou a falar comigo sem motivo algum?. Ou então um simples “porque é que estou num quarto de hospital?”.

O que eu quero dizer com isso é que, depois de acordar de um coma, uma pessoa deve estar sobressaltada e receosa do mundo à sua volta (afinal, muita coisa mudou sem que o comatoso o soubesse e o mundo já não é mais aquele que ele conheceu. Nem que seja somente porque o “tempo andou demasiado depressa” ou “perdi tempo de vida”, a pessoa estaria realmente perturbada). Para além disso, deve estar confusa, deve querer factos, respostas, segurança, depois de ser sobressaltado com uma realidade que não é aquela que ele viu pela última vez, antes de entrar em coma.

Claro que ela também lhe pode ter dado isso, a segurança, o conforto, etc, durante o tempo em que esteve a falar com ele. Ainda assim, acho que a reacção dele foi, se é que a posso apelidar assim, “demasiado positiva”. Combina com o tom da história, mas achei mesmo que estava um bocadinho “optimista em demasia”. O meu lado romântico quer agora interferir e dizer que “nunca há nada optimista em demasia!” e eu quero aceitar isso, mas fiquei, realmente, “de pé atrás” com essa reacção dele...

Mas, no fundo, essa reacção veio complementar todo o optimismo da história e isso é uma coisa boa! Como disse no início, o final feliz foi meio previsível, mas isso é uma coisa boa para 80% dos leitores de romances: detestam ser supreendidos e só ficam felizes com o final feliz com que sonham desde o início da história. Ainda assim, acho que probabilidades não são para aqui chamadas, porque não acredito que haja alguém que leia a tua história e não goste dela.

Pessoalmente, eu gostei muito! Há uma ocasião ou outra em que faltam umas letrinhas, mas, fora isso, que considero erros menores de distracção ou digitação, a autora escreve muito bem! Tem um discurso muito claro e objectivo, o que faz com que a história flua sem complicações e num ritmo fixo.

A narração está em 1ª pessoa, mas muito bem conseguida. Isso permite ao leitor acompanhar os passos da protagonista bem de perto, inclusivé permite-lhe estar próximo dos seus sentimentos e das mudanças que vão sofrendo, mas sem atropelar a protagonista. Sentimos a curiosidade inicial dela, depois a falta de confiança por estar a fazer algo que não a deixa totalmente confortável, seguido da dedicação que ela tem pelo rapaz que acompanha no hospital e, no final, a admiração pela beleza dele e pela luta que ele superou em silêncio durante esse tempo todo.

Essa é uma one que defende que o amor supera tudo. Uma espécie de “Belo Adormecido” do século XXI, com carros no lugar de dragões e motas no lugar de cavalos, mas com amor de sobra para espalhar pela eternidade!

Lua Martins
(Liga dos betas)


Muitas vezes chegamos naquele típico impasse:

Que direito tenho eu de dizer que algo está certo ou errado? Que isso é bom e que aquilo é ruim? Certamente tentei não julgar apenas pelo gosto, mas nem sempre sei quando é apenas opinião ou se é algo a mais.

E então, cheguei a pensar em não participar da rodada por não ser muito chegada a histórias românticas. Contudo, uma vez que já li a história e formei minha opinião sobre ela, porque não a expor?

Acho que podem estar achando que eu odiei a história ou algo assim. Não é isso. É que durante e depois de toda a leitura fiquei imaginando se o fato de eu não me afeiçoar tanto ao romance (amor da personagem) em si foi por meus gostos ou se realmente era preciso mais exposição.

Mas vamos devagar com as coisas.

O começo no mostra uma jovem autora, com uma narração bastante eficiente, embora esteja claro que ela ainda irá crescer até aprimorar seu estilo.

Algo que me incomodou foi o modo como a vida da personagem narradora foi toda exposta no começo, nos dando certos fatos irrelevantes. Algumas coisas poderiam não ser ditas ou contadas mais calmamente. Aliás, calmaria seria algo muito bom para todo conto, principalmente a partir da metade. 

Temos a personagem principal, que numa súbita vontade, decide cozinhar. Parágrafos antes, já tínhamos sido apresentados a personalidade solitária e acadêmica de nossa narradora. Não questiono essa súbita vontade. Essa ideia de previsão/destino combina muito bem o com o clima do conto. 

Então ela se fere. Aqui é que a coisa complica um pouco. É um tanto difícil acreditar que ela fez um corte tão feio simplesmente cozinhando, o que me faz crer que nessa cena, apenas para dar maior credibilidade, poderia ter sido adicionado algum elemento a mais. Não sei dizer ao certo, mas como exemplo, posso citar uma amiga que na estupidez de falar ao telefone enquanto brincava de jogar a faca no ar, teve sua mão perfurada a ponto de realmente levar pontos. Contudo, apesar do fato parecer exagerado, não tira o brilho do conto.

Então a moça vai para o hospital. Depois de atendida ela, a caminho da saída, avista um homem em coma. Um ser muito bonito, apesar de, como já dito, estar em coma.

Aqui chegamos numa parte interessante. Ele é simplesmente lindo – angelical. Essa beleza estonteante poderia ser vista como um defeito, só que não acho isso. É um conto romântico, não que se ressuma só a isso, e os românticos sempre tendem a dar um brilho angélico aos seus amores. Pessoas mais realísticas podem dizer que é alienação demais. Contudo, isso nada mais é do que uma forma de representar, exteriormente, uma alma perfeita. Quase que tão bela que nos enfeitiça e aprimora todas suas qualidades físicas.

Ora, o garoto está em coma. Não sabemos nada sobre ele. A narradora não sabe. Esse é o modo de nos dizer que o garoto é alguém bondoso e que mereça ser amado. E sim, funcionou.

Agora, sobre a emoção em si, não tenho muito que falar.

O que começa com detalhamento e cuidado facilmente perceptíveis, ao meio torna-se difuso e rápido. Ouso dizer que se no começo eu podia analisar tudo vagarosamente com uma lupa, a partir no meio, a rapidez foi tão grande que me vi tentando decifrar imagens borradas. Vejo as imagens mais óbvias, todavia, perco todos os detalhes intrínsecos.

Enfim. Só posso, por minha interpretação da beleza como alma exterior, achar nesse o único aspecto que me fez querer realmente que o garoto acordasse. Não ouvi a conversa, mal presenciei os carinhos e a preocupação. Que fazer? Ela me contou, sim, um resumo de tudo o que passou. Mas um simples contar não basta. Eu queria ver, me emocionar, sentir. E esse foi o defeito do conto que me desgostou bastante. 

Creio que a autora ainda está tentando se balancear. Ficou com medo de causar cansaço em seu leitor e decidiu poupa-lo de descrições e ações: vamos logo para o fim.

Por ainda ser bem nova, é fácil relevar. Sei que, não fosse esse temor, a autora conseguiria ir devagar com a história e demonstrar de melhor forma seu enredo. Porém, ainda é triste ver todo o aproveitamento que a história poderia ter, sendo desperdiçado. 

No entanto, não podemos julgar mal todo o conto por isso. Repito: esse foi o único defeito que realmente atrapalhou. Quaisquer outros nós facilmente esquecemos.

Talvez mais do que simplesmente nos entreter, essa história sirva para alimentar o ser fantasioso dentro de nós. Uma história que nos enche de esperança de que o amor pode realmente acontecer e que nunca devemos nos contentar com as ilusões que temos na vida. Acabamos de ler e ficamos com aquele sentimento de: eu vou encontrar alguém que realmente me fará feliz.

E mesmo que, no mundo de hoje tantas pessoas falem que não devemos ser idealistas, por que, exatamente, não podemos ainda sonhar um amor?

Porque não podemos ser ver o mundo em cores brilhantes e ter certo prazer em viver nele, sabendo que, em algum dia encontraremos algo que nos completará?

Não sei o que acontecerá agora que ele acordou. Não tive provas suficientes de que foi ela, realmente, que o salvou. Mas ela estava lá por ele. Por alguém que ela não conhecia e que foi capaz de fazê-la mudar a rotina e também, torna-la uma pessoa melhor.

Como dito; é uma história de fé e esperança, e por conta disso, merece todo meu respeito.



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