Entrevista: Juliana Leite

terça-feira, 8 de dezembro de 2015


Juliana Leite nasceu em 15 de abril de 1988, na cidade de Campina Grande, Paraíba. Hoje reside na capital João Pessoa. Apenas na adolescência veio a paixão pela literatura graças aos livros de J. K. Rowling. Paixão que a fez cursar Letras com habilitação em Língua Inglesa pela UFCG. Casada desde 2011, divide a casa com seu esposo e seus amados cães. Trabalhou como professora por quatro anos até decidir por cursar Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Mesmo mudando tão radicalmente de área, não abandonou o gosto pela escrita e em 2014 retomou a escrever a saga que havia começado há mais de dez anos. “Entre Vidas” possui forte influência da obra de Marion Z. Bradley e mostra mais duas paixões da autora: História e outras culturas e religiões. Começou a escrever a história que não encontrava para ler: que envolvesse misticismo, batalhas, com uma escrita dinâmica e leve.
Perfil no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/434064/

Liga dos Betas (LB): Antes de mais, muito obrigada por teres acedido em dar esta entrevista à Liga dos Betas. E nada mais simbólico do que começar pelos inícios: Como começaste a escrever? Coincidiu com a altura em que começaste também a postar as tuas histórias no Nyah? Sentes muita diferença desde essa altura para cá?

Juliana Leite (JL): Eu que agradeço. Bem, eu comecei a escrever com dezasseis anos. Isso faz onze anos, (risos) (entregando a idade). Na época, só colegas de classe liam o que eu escrevia. Kiara foi escrito entre 2005 e 2006 e ficou todos esses anos guardado no meu computador. Apenas ano passado conheci o Nyah! e resolvi postar lá.
E existe muita diferença. Eu sofro de disortografia (um tipo de dislexia), mas quando adolescente nem imaginava... Escrevia MUITO mal. Melhorei 90%, digamos, porque hoje aprendi a lidar mais com o problema.

LB: Que obstáculos implica a disortografia? Como aprendeste a lidar com isso?

JL: Uma das características do problema é associar letras aos fonemas... Então saber se é C ou SS pode virar uma tortura.
Se você ler muito, se alguém te perguntar como escreve a palavra você sabe dizer. Mas na hora de escrever vira uma tortura. Quando entrei no curso de Letras e descobri a existência do problema, me vi em todas as características. E uma especialista na área realmente atestou que eu tinha.
Eu tenho que revisar várias vezes o que escrevo. E hoje com Word, com Google, com Chrome, me ajuda demais. Umas das características é que o problema só ocorre com a língua materna: Em inglês não tenho essa questão.
Às vezes ainda me pego escrevendo alguma atrocidade. Mas diminuiu muito mesmo.

LB: O teu primeiro livro da saga “Entre Vidas”, Kiara, já vai para a segunda edição. Mas como referiste, já esteve postada no Nyah!. Como foi o avançar desse processo? Há muita diferença entre a recepção do, e relação com, o público do Nyah! e os leitores que tens agora?

JL: Eu nunca fui famosinha no Nyah!. Ainda hoje posto uma fic e só tenho três leitores. Escrevi toda a saga (quatro livros) e postei no Nyah! com pouquíssimos leitores.
Agora, com o livro, vendemos bem na pré-venda e estamos acima das expectativas, minhas e da editora. Penso que por sempre escrever pensando como um livro, não é o que os leitores de fics esperam exatamente.
Mas isso é só uma teoria.

LB: Como é o teu processo criativo? Preferes planear tudo com antecedência, ir escrevendo ao sabor do vento, ou uma mistura das duas?

JL: Acho que uma mistura. Eu escrevo alguns tópicos do que pretendo com a história, algumas informações básicas dos protagonistas... Mas a escrita mesmo, os romances, os diálogos, vão ocorrendo ao sabor do vento, rs.
Às vezes me sinto escrevendo uma psicografia, não tendo controle algum sobre meus personagens.

LB: E a revisão? Preferes fazê-la tu própria ou recorrer a auxílio exterior, seja na figura do beta reader, do revisor…?

JL: De forma alguma posso revisar sozinha. Tenho consciência disso. Não nego que no Nyah! acabo não me preocupando muito com isso, mas para o livro preciso de outra pessoa para revisar, sem dúvidas. Acho importante o escritor conhecer seus pontos fortes e seus pontos fracos.

LB: Aproveitando que já falamos sobre a “construção” do dito, queres falar um pouco sobre Kiara e o projecto da saga em geral? O que te levou a optar por escrever dentro da Fantasia?

JL: Eu amo histórias de Fantasia. Quando li “As Brumas de Avalon” enlouqueci. Sempre gostei muito de História também. E fiquei viciada nas lendas que permeiam os celtas. Só que não encontrava nada na época sobre o assunto em forma de ficção. E li que existe uma lenda de que os celtas vieram dos atlantes, então comecei a escrever Kiara. Depois veio a ideia de escrever uma saga onde cada livro seria uma reencarnação dos protagonistas em épocas diferentes. Então comecei a escrever Lise, que é a segunda história. Só que na época não consegui desenvolver a história, acho que por ser uma protagonista muito problemática, não sei. E fiquei nove anos sem escrever.
Ano passado concluí Lise e escrevi as duas outras partes da saga. Kiara se passa em 1.200 a.C., Lise 64 d.C., Ruby em 999 d.C. e Justine em 1890. O que liga as histórias é o romance e a religião dos antigos celtas.

LB: Enquanto autores, é natural recebermos as nossas influências. Já mencionaste “As Brumas de Avalon”, mas que outras consideras  fulcrais na tua carreira?

JL: Eu gosto muito de filmes épicos. Já me disseram que minha escrita parece um roteiro de filme, porque realmente penso na cena e vou descrevendo. Filmes como Gladiador, Tróia, sei que influenciam. Sei que na parte do romance não consigo fugir na influência de Jane Austen. E acho que escrever em terceira pessoa, mas com o foco em uma personagem, vem muito da J.K. Rowling, que tem a escrita que mais gosto de ler.

LB: Após (mais uma) afirmação internáutica de que homens não sabem escrever romance e mulheres não sabem escrever fantasia (cenas de batalha em particular), iniciaste, junto com a autora Lais Lacet, o blog Taverna das Escritoras, de forma a demonstrar exactamente o inverso, correcto? Mas podemos dizer ser essa apenas a semente do blog? Que outras ideias pretendem vincular através do Taverna das Escritoras?

JL: Com certeza a semente é essa mesma. Pretendemos escrever dicas sobre Fantasia em geral, que, claro, podem ajudar escritoras, mas também escritores. Mas nosso foco será mostrar trabalho de escritoras, famosas ou não, que escrevem sobre Fantasia. E pretendemos mostrar que temos  várias autoras nacionais desse gênero.

LB: Abordando um pouco mais a tua faceta enquanto leitora, qual a tua opinião sobre fanfictions, fictions, e sites como o Nyah!?

JL: Já li fics mais bem escritas e histórias melhores que muito livros publicados. Acho que é bastante válido para escritores. E como leitora, podemos encontrar coisas que muitas vezes o mercado ainda não se interessa, como também encontrar histórias que se passam com personagens que já amamos de livros e filmes. Muitas vezes como fãs precisamos de mais histórias daquele universo.

LB: Por último, a pergunta da praxe: Algum conselho a outros autores que desejem pegar na sua história e publicá-la?

JL: Entender o mercado. Pergunte a outros escritores como eles publicaram. Se independente, se com editora pequena ou grande. Muitas vezes aceitamos a primeira proposta que nos aparece e nem sempre é a melhor para nós. Existem muitas formas de publicar, e todas as formas têm vantagens e desvantagens. Então é bom estar ciente delas antes de entrar.


LB: Mais uma vez, obrigada pela entrevista concedida. Esperamos que as respostas tenham elucidado ou empolgado os possíveis leitores, e que as perguntas tenham contribuído para isso.

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