O que Seria Literatura e O que Seria Entretenimento?

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Por: Hannah Dias

 
            Olá, pessoas! Como vocês estão? Como anda o mundo literário de vocês? Espero (do fundo do meu coração) que esteja cheio de aventuras!

            Esta é minha primeira postagem aqui no Blog da Liga e é uma honra poder conversar com vocês sobre um tema que tem muito a ver comigo, mesmo sendo uma pirralha. Na verdade, acredito que, sendo pirralha, posso falar mais abertamente sobre o que sinto em relação a um dos grandes problemas da literatura atual, principalmente por ser uma das protagonistas. Há uma divergência muito grande entre os acadêmicos (vulgo chefões, letrados, estudados, galera que manda em tudo) e os adolescentes (eu, tu, nós, vós; os bebês que ainda não entendem muito da vida e adoram gritar alto) e pessoas "comuns", por causa do grande preconceito existente entre ambos os lados.


            E o que isso tem a ver comigo? Eu sou uma adolescente e meus pais são pessoas desse ramo de chefões, manda-chuvas, doutores em tudo, iluminados pelos seres divinos com uma sabedoria além do normal. Eles sempre incentivaram minha leitura e foi algo que agradeço aos céus por ter acontecido, porém… quando cresci e deixei de ser ignorante (um pouco, apenas), meus pais decidiram que era o momento para deixar as ficções "infantis" de lado e ir para o mundo dos letrados do século XIX e XX. "Há uma diferença entre leitura para prazer e leitura para conhecimento", eles disseram.

            Então vamos começar pelo básico do básico, amiguinhos. O que é "Literatura"? E o que é "Entretenimento"?


LITERATURA

1.    lit uso estético da linguagem escrita; arte literária.

2.    lit conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um país, época, gênero etc.



ENTRETENIMENTO

  1. Divertimento; o que diverte e distrai; o que é feito como diversão ou para se entreter: canal de entretenimento; local de entretenimento.

2.    Ação ou efeito de entreter; ato de se divertir, de se distrair.
 

Certo, entenderam? Simples, né? Me digam, por qual vocês mais se atraíram?

O certo não seria dizer: "os dois"? Simples. Porém, atualmente, o conceito de "literatura" e "entretenimento" não estão na mesma página. É aquela coisa de "Há tempo para diversão e tempo para trabalho". Por que não há tempo para os dois juntos? Por que a linguagem foi colocada como algo predominante nos conceitos acadêmicos, que apenas um grupo seleto de pessoas conseguem entender de maneira plena? Por que nós, reles mortais, não podemos ser como eles?

Eu acredito que o julgamento é algo bem comum. Comum demais. Deixamos que os outros, que nem sabemos quem são, falem o que é um livro/história boa ou ruim. Deixamos que eles peguem os nossos livros, com um estrondoso número de vendas, e ditem que é uma literatura barata. Deixamos que menosprezem os nossos gostos, além de menosprezar autores que dão o sangue para criar suas obras, que na opinião de um (PEQUENO) grupo elitista é ruim, apenas por não ter diversos jogos de linguagem e palavras "difíceis", que demonstram certo tipo, meio deturpado, de genialidade pessoal. Então, essas mesmas pessoas, criam obras apenas para as críticas e para se classificarem como uma estirpe iluminada, mas que estão apenas presas num conceito elitista e pretensioso.

Vamos jogar no ventilador: você passa doze anos na escola e, o livro que os seus professores colocam na sua mesa é um belo exemplar de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" aos seus treze anos. É um livro ruim? Obviamente que não. Mas você tem treze anos. Você não quer ler Machado de Assis, você quer ir para casa dormir. E o que isso faz? Colocamos na cabeça das nossas crianças e adolescentes que "ler é chato" e jogamos a leitura em um patamar desnecessário e segregatório. Afinal, quem, me diga quem, com treze anos consegue entender plenamente um livro de Machado de Assis?

            E esse é apenas parte do problema. O pessoal "superficial" se abstêm desse tipo de livro, mas sempre fala. O famoso "encher linguiça": "Machado de Assis é maravilhoso!", porém nunca conseguiu pegar em sequer uma página de um Dom Casmurro e também não pretende. Prefere ler Harry Potter, mas tem vergonha de admitir isso, por causa da quantidade infindável de críticas de autores que apenas estão preocupados com a satisfação de uma vaidade intelectual. O outro grupo é aquele que fala que nunca leu Machado de Assis, não quer ler, afinal, é "chato", e prefere John Green e companhia. Os grandes Best-sellers, capa do The New York Times, o famoso "conteúdo de entretenimento".

Então, fica a pergunta: quem ganha?

            E eu te respondo: ninguém.

            Literatura é uma arte e não podemos rotular arte. Só porque um livro é popular não quer dizer que é ruim. Só porque a pessoa prefere Harry Potter à Dom Casmurro, não quer dizer que ela não possui uma habilidade de interpretação. Além disso, as pessoas que preferem Dom Casmurro à Harry Potter também não são piores. E nem melhores (deixando isso beeeem claro). Exagerar o lugar da literatura demonstra apenas um pensamento ignorante e preconceituoso. O século XXI é recheado de talentos e oportunidades. Ficar preso aos criadores de eras passadas podem nos limitar. E isso não quer dizer que os grandes escritores devem ser esquecidos, mas sim, que os grandes escritores de hoje devem ser reconhecidos.

            Usa-se o conceito de entretenimento para diminuir alguma obra. O prazer da leitura deve estar superior a qualquer tipo de preconceito. As pessoas devem se sentir livres e orgulhosas de bater no peito e gritar ao mundo que livro elas gostam. É preciso parar com esse discurso (que já cansou muita gente, diga-se de passagem) de cultura erudita vs cultura popular. O conhecimento era algo destinado apenas à elite, criando um conceito de exclusão na literatura. Hoje, porém, temos a tecnologia e a informação ao nosso favor e, contrário ao que muitos dizem, essa sociedade atual, graças às grandes invenções digitais, aumentou o gosto pela palavra e pelo texto. Então, é preciso criar um ambiente que permita a entrada desses peregrinos ao lado lindo da Força. E isso acontece com aquela palavrinha básica e muito importante: respeito.

            O leitor que não segue um modelo único NÃO é burro, pouco exigente, ou até mesmo superficial. Ele é apenas um leitor. Com gostos e desgostos.

Vamos acabar com o conceito de "o que é fácil de ler não tem valor literário". Tem, sim! Vai continuar tendo. É muito simples escrever textos para um grupo de pessoas conservadoras, com palavras bonitas e figuras de linguagem ao extremo. Difícil é escrever fácil e fazer com que o outro se emocione com a sua escrita. Difícil sempre será emocionar alguém com suas palavras. Difícil é fazer com que a pessoa se sinta acorrentada à leitura. Difícil é tocar o coração de alguém. É simples fazer uma interpretação profunda sobre um livro que todos classificam como "literatura". Difícil é pegar o livro que todos chamam de "cultura pobre" e levar ensinamentos para o resto da vida.

E, nas palavras do inesquecível C.S. Lewis (já que nos baseamos em autores do século passado): "A grande leitura não exige perícia ou força; exige, ao contrário, desarme e paixão."

Leiam aquilo que vocês são apaixonados. Não importa o que seja. O gosto não é errado e não deixe que alguém diga o que vocês devem ler, não importa se é a escola, a faculdade, os pais, os amigos, e etc. Esqueçam o que é o "dever" e se concentrem no "querer". Diversão e conhecimento podem estar interligados, é preciso ter apenas o discernimento para fazer isso acontecer.

E, nas palavras de Felipe Pena, doutor em Literatura, com sei lá quantas graduações e formações no exterior (porque também nos baseamos em letrados que nunca sabemos quem são direito. Desculpe, mamãe e papai): "Em literatura, entretenimento é a sedução pela palavra escrita. É a capacidade de envolver o leitor, fazê-lo virar a página, emocioná-lo, transformá-lo.".

3 comentários:

  1. Adorei! Disse tudo. E sim amo Harry Potter e amo Senhora do josé de Alencar, afinal, gosto é gosto o importante é ser feliz e sentir prazer na leitura!

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