Escrevendo em nível épico com os cinco pilares da narrativa

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Por Bruno Costa Vitorino

A Literatura Épica é um gênero crescente no que se compreende por Fantasia, em geral, com As Crônicas de Gelo e Fogo popularizando o que já era popular com O Senhor dos Anéis, e vem parecendo a vontade de muitos autores, seja em livros publicados ou em projetos para a Internet, que podem ser achados em serviços como o Nyah!, portanto, nada melhor do que ensinar a esses interessados pupilos (isso soou mais ridículo do que já parecia). Sendo assim, eu venho por meio deste (por outro que não) "ensinar" a produzir uma história de nível épico.

Embora pareça que esse gênero está limitado apenas à Fantasia, por ser mais comum, é possível fazê-lo também na Ficção Científica, o que no caso será um desafio mais complexo, mas ainda assim capaz de ser feito. Portanto, se você gosta de escrever Sci-fi, pode ler isso até o final.

Outra coisa: não se deve considerar toda fantasia uma aventura épica, isso porque a literatura épica é um meio que descende da poesia épica ou epopeia, logo, livros muito bons como As Crônicas de Gelo e do Fogo, não podem ser considerados como histórias épicas puras, ainda que sejam de fantasia medieval, será dito que existem determinados fatores nas histórias épicas que condicionam esse nível épico (OBS: Eu me baseei em obras de epopeia por falta de material sobre a estrutura da literatura épica).

Vamos lá.

Primeiramente, devemos analisar o material clássico da Literatura Épica. Ela começa na Literatura Fantástica justamente com Tolkien. Sim, eu sei, nem todo começo é simples, mas analisando, temos duas coisas facilmente detectáveis: primeiro, um mundo novo, o que não era comum, embora possa ser visto em As Viagens de Gulliver com Lilliput. Segundo, temos algo que vai além do conceito estético, a construção do conceito da mitopeia. Como assim? Tanto no livro de Swift quanto no de Tolkien, o Universo possui características sociais, morais e culturais diferentes, que caracterizam esse mundo, mas foi o nosso querido inglês (Swift era da Irlanda) que estendeu isso historicamente, construindo uma história e uma geografia típica da região, assim como seria feito em tantos outros mundos, facilmente encontrados em todas as livrarias. E se eu tiver sorte, um dia esse artigo fará o seu próprio Universo ir parar lá também.

Para construir seu mundo, vamos considerar a criação de universos (vide: Dicas para se criar um Universo Alternativo por Blitzkrieg), mas eu quero especificar as características de sua história, e podemos fazer em cinco passos básicos: Cenário, Personagem, Trama, Tema e Estilo. Os 5 pilares da ficção.

Fator Épico: Algo épico é algo grandioso ou em grande escala, epicus vem do latim extraordinário, afinal é isso que condiciona uma história a ser épica: ela ser memorável, tanto que é comum as histórias épicas falarem de momentos históricos como a Guerra de Troia. Agora realmente podemos começar.

1. Cenário

Eu sei que disse que não vou ensinar a criar um Universo, isso é trabalho do Blitzkrieg, mas ainda assim devemos considerar o cenário. Agora, se você está escrevendo Sci-fi ou Fantasia, é recomendável que apresente um mundo tipicamente épico, com grandes feitos e uma história tão épica, ou até mais, quanto a história humana.

Para um cenário fantástico é simples: Um mundo com ou sem mágica, em seu auge ou decadência, onde surge uma grande ameaça de caráter mágico que pode ser vencida com ferramentas milenares criadas por seres poderosos como deuses, por exemplo. Antes de tudo, lembre-se de que sempre, na Epopeia, há presença e intervenção divina, armas mágicas poderosas e, também é comum a presença de emissários divinos, como Gilgamesh e Aquiles, além disso, é comum haver uma jornada por esse cenário.

O cenário épico, geralmente, é tão conflituoso quanto grandioso e se baseia especificamente em detalhes. Os detalhes são as grandes ferramentas do escritor de literatura épica, e devem ser retratados de maneira prática, mas funcional e bela, de maneira que as coisas pareçam, além de bonitas, úteis para o enriquecimento da história/universo. Os detalhes são usados por autores fantásticos (se quer levar tudo ao pé da letra “e de ficção científica"), como Tolkien, para apresentar seus mundos.

Não te convenci que é possível mostrar seu mundo com detalhes? Para quem leu a Ilíada sabe que Homero se distanciava algumas vezes do rumo principal da história para contar outras, como Belerofonte e seu caso com a Quimera. Na verdade, descobrimos novidades até mesmo na chegada dos navios em Troia.

Em Sci-fi você precisa usar a ciência também, o que requer esforço para manter tudo no limite crível e, claro, épico também.

2. Personagem

Como criar um personagem épico? Muito simples, torne-o favorecido. Os melhores personagens das epopeias são grandiosos e poderosos, como Gilgamesh e Aquiles, e sim, o personagem principal de “O Senhor dos Anéis” é o Frodo, mas observem: numa aventura épica é necessário um personagem épico, como Gandalf, e mesmo assim há uma tentativa de tornar Frodo épico, ainda mais em questão à formação da personalidade do personagem, que é Um Anel.

Portanto, a criação de um personagem consiste em três fatores: personalidade, geralmente, uma pessoa de caráter nobre e que considera muito a honra e a glória (Características Estoicas). Origem, que não precisa ser necessariamente divina ou gloriosa, mas que precisa no mínimo ter algum fator que torne o personagem épico. Diferenças, sejam elas intelectuais, físicas ou as duas, o importante é que o personagem seja melhor que todos os outros em alguma coisa, ou possua algo que o distingue dos outros, como poderes; Aquiles era inatingível, mas se quer manter seu personagem sem tantas facilitações, veja o caso de Ulisses, personagem da Odisseia, o mais inteligente e astuto dos homens.

Na Ficção Científica você pode usar a política e a cultura para o quesito pessoal, a genética para construir seu semideus futurista e a tecnologia e a ciência para diferenciá-lo.

E lembre-se de memorizar isso para todo tipo de história que escrever: Personalidade que sofre das alterações do Cenário e da Trama sofre de Evolução.

3. Trama

A trama do seu personagem deve girar em torno de algo grandioso, conflitos políticos como Ilíada e A Canção dos Nibelungos, ou uma jornada pelo mundo como em Odisseia e Eneida e, até mesmo como Senhor dos Anéis (o “até mesmo” se deve ao fato de não ser uma epopeia). Uma dica para construir sua história é, primeiramente, construir o espaço, moldar a história e marcar eventos.

A Jornada do Herói (leiam o artigo da Elyon Somniare) é ótima para fundamentar a trama da sua história épica, por que Joseph Campbell se baseou em diversas histórias mitológicas, sendo algumas delas epopeias. Logo, use e abuse, leia e releia o artigo da Elyon no blog e construa sua história baseada nessa teoria literária.

Caso opte por não usá-la, você pode optar por escolher uma trama simples e exagerá-la, ou seja, torná-la épica. Construa fatos complexos, de maneira a tornar a trama complexa, use a política, a cultura e sua nova sociedade como uma arma, ou seja, se você quer contar uma história de guerra, crie governos inimigos, culturas diferentes por algum motivo e conceitos sociais diferentes, mas o mais importante de tudo, é usar o quesito épico (e também os detalhes) do qual falamos em Cenário.

4. Tema

O Tema não é e, ao mesmo tempo, é tão importante numa história épica, porque se divide em dois, basicamente: Fantasia, Ficção Científica ou Histórica, mas acontece que mundos novos ou mundos passados são apenas o plano de fundo, ou melhor, o contexto, porque a maneira como a história se desenrola é o verdadeiro tema.

É uma história de crime? Uma história de guerra? Uma história de vingança? Adeque as características dos núcleos de suas histórias com esse contexto e, lembrem-se, sempre use o tema adequado ao seu personagem. Um detetive para uma história de crime, um guerreiro para uma história de guerra e alguém que sofreu muito, para se vingar. Sempre use o tema como um complemento ao seu Universo, usando tanto a história quanto o próprio tema para apresentar esse mundo que você criou: o detetive está investigado a morte de um membro da política local do planeta X, portanto, use as investigações para contar a história desse mundo.

Caso goste de ser alternativo, pode colocar seu personagem numa situação de desconforto, uma pessoa comum se envolvendo num caso ou, se queremos exagerar as coisas, um genial enxadrista num ambiente de guerra onde atua como principal estrategista (essa até que é uma boa ideia).

O Tema auxilia a Trama para apresentar o Cenário, e o Tema auxilia a Trama para moldar o Personagem.

5. Estilo

O estilo é muito simples na construção de uma história épica, porque ele sempre será em terceira pessoa, o que exige aos escritores mais íntimos uma valorização do conceito épico no que quer dizer ao uso de detalhes e também, de ter uma visão distante de tudo, como se ele não produzisse efeitos sobre a história. Pode se usar em primeira pessoa, mas é necessário que esteja num passado não muito próximo, e deve ser apresentada uma visão geral dos fatos, como se o narrador soubesse, e de fato sabe, o que aconteceu.

A voz deve ser sempre rebuscada, mas não muito, grandiosa e passiva, ou ativa quando deve.

Agora uma breve recomendação:

Para escrever Sci-fi, o escritor deve sempre utilizar os recursos científicos na sua narração.



Sobre a Construção de Narrativa Épica: Análise de Eneida, Canção dos Nibelungos, Ilíada, Odisseia, Epopeia de Gilgamesh e Lusíadas.


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Títulos

terça-feira, 24 de junho de 2014


Por: Takahiro Haruka


Afinal, qual a importância do título da história? Pois bem, pode até parecer que não, os leitores não prestam atenção em títulos, contudo, se formos parar para pensar, qual é o primeiro contato do leitor com uma obra?
            Ora, não é através do título? Muitas das vezes ele dá pistas do que encontraremos naquele exemplar, como “As Crônicas de Nárnia” e “As Crônicas de Gelo e Fogo”. Se observarmos o título teremos de imediato o pensamento: crônicas. “Contos de fadas”, “Contos clássicos” e até “Contos de natal” deixam explícito que teremos um livro com contos.
            É necessário, primeiramente, deixar claro que não há uma regra ou um padrão para a escolha de títulos. Usar de bom senso na hora de escolhê-lo é o mais adequado. Muitas das vezes, escolher um título para uma obra é difícil, entretanto, se atermo-nos a detalhes, conseguiremos extrair da própria obra um título que se adéque a ela. Como assim? Vou explicar usando exemplos:

·         Chapeuzinho vermelho
O título faz referência ao fato da menina atravessar o bosque, indo de encontro à avó, usando uma capa vermelha com capuz, como se ela usasse um chapéu vermelho. Não parece muito coeso em um primeiro momento, mas se formos pensar que um ponto vermelho no meio de um bosque com certeza atrairia o lobo mau, talvez faça realmente sentido, não?

·         Branca de neve
Comparar a pele extremamente pálida da moça, que é a personagem principal, à neve, deu origem ao título da obra.

·         A menina que roubava livros
Uma menina que rouba livros? Mas que graça tem esse livro? Bem, no primeiro momento parece um título sem graça, mas, se você parar para refletir, entrará em um tsunami de indagações: quem é essa menina? Por que ela rouba livros? Que tipo de livros ela rouba? O que isso tem a ver com o enredo? Até quando ela será uma ladra?

·         A cabana
A importância da cabana para a história é inegável. É dentro dela que o personagem principal se descobre, enfrenta medos, tabus, dramas e cresce psicologicamente.

·         50 tons de cinza
Mesmo que o livro tenha lá seus pontos negativos, o título faz alusão ao fato de o personagem principal possuir segredos obscuros e sombrios, além dos normais e corriqueiros de qualquer ser humano. Esse contraste entre segredos “normais” e segredos “absurdos” deu origem ao termo “tons de cinza”, que é uma quantidade alta de variação entre branco e preto.

·         Memórias Póstumas de Brás Cubas
Pelo título imaginamos que o livro contará as aventuras de um sujeito chamado Brás Cubas, depois de sua morte. E, nossa, não é exatamente isso que acontece no livro?

·         Saga Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer
Soam, sem dúvida, legais e diferentes, mas que ideias dão da história? Todos os títulos remetem a fenômenos naturais. O que podemos imaginar de um livro com título assim? Crepúsculo: Pôr do sol, fim de tarde; Lua Nova: ciclo mensal, fases da lua; Eclipse: fenômeno lunar; Amanhecer: nascer do sol, manhã. Talvez haja um valor figurado, mas só podemos tirar uma conclusão ao terminarmos de ler o livro.

·         Diário de um banana
Um livro que se refere a um diário escrito por um banana? Hum, dizem ser um livro interessante, mas tentar imaginar o que acontece na história, baseado no seu título, nos faz imaginar algo engraçado.

·         Entrevista com o vampiro
Como seria ter o protagonista de nossas mais íntimas curiosidades respondendo-as para nós? É um título intrigante e curioso que, sem dúvida, atiça os leitores. Vampiros temem realmente sol e alho? Bebem sangue? Possuem sangue nobre e podem transformar seres humanos em transmutados?

Títulos são muito diversificados. O segredo para escolher um legal é analisá-lo junto à história. Imagine você, sendo um leitor ávido por ler algo novo, encontrando a sua história e julgando-a pelo título. Qual seria a reação diante dele? Intriga, curiosidade, euforia ou indiferença?

Há algumas dicas que podemos dar que, na verdade, são bem simples:
  • ·         Se a história for baseada em uma música ou citar uma, associar o título dela ao da história;
  • ·         Usar uma palavra marcante, sendo adjetivo ou substantivo, que intrigue a imaginação do leitor;
  • ·         Uma frase diferente: A casa sem chão, Os olhos do mundo, Mágoas passadas. Apenas tome cuidado com o tamanho: ela pode acabar sendo sem graça;
  • ·         Não coloque “Casa branca” se a história se passa no Japão;

·         Faça uma pesquisa na internet e veja se há outras histórias com título semelhante ou igual. Ser original é muito bom, também facilita para os leitores que forem buscar a história apenas tendo em mente o título.

E se eu quiser colocar qualquer título?
Você tem todo o direito de colocar o título que desejar na sua história. O que queremos é dar dicas de como escolher um bom e intrigante.
Vou colocar o nome do shipp ou do fandom no título.
Para quê? Tudo bem que os leitores de tal shipp/fandom encontrá-lo-ão com maior facilidade, mas fica esteticamente feio e poluído. Caso queria atrair o leitor usando tags, coloque-as após a sinopse, dentro de aspas ou parênteses.
            Fic Interativa, Entrevistando os personagens, Talkshow, pode?
Poder você pode tudo, gafanhoto, mas como já foi dito, a parte estética também faz parte da história. Qual é a necessidade de colocar esses títulos, quando você pode colocar algo diferente e que se enquadre no tema da história e avisar na sinopse que ela é interativa, entrevista ou talkshow? “Segredos desvendados”, “Conhecendo os bastidores” ou “Ria com fulano de tal” podem ser títulos diferentes e atrativos até mesmo ao público que não se interessa por esses tipos de fanfics.

 Exemplos práticos de títulos legais


Extra
Para escritores profissionais e aspirantes a escritores
Lei sobre direitos de título

A justiça também protege títulos, assim como obras originais registradas na Biblioteca Nacional. Para saber detalhadamente sobre o assunto, consulte a Lei 9.610/98. Explicando de modo mais amplo, se o seu título for original e único, dentro de um tempo você pode pedir direitos sobre ele. Não havendo nenhum outro no mercado, você poderá tê-lo e assim manter o seu livro como o único com aquele título.
A Ana Beatriz Nunes Barbosa e o Denis Borges Barbosa fizeram um artigo explicando com detalhes o que é possível proteger e o que não é. Acesse o artigo: Proteção de Títulos de Obras. O DANNEMAN, em um artigo publicado em 01 de janeiro de 2012, nos trás um caso de reivindicação de direitos de um título, em que, já estando na praça, foi negado à Autora. Leia o artigo na íntegra aqui: A visão do judiciário sobre a proteção dos títulos de obras à luz dos direitos autorais.


Como vocês podem ver, o título é parte integral de uma história. Ele tem um peso na opinião do leitor, representa a história como um cartão de visitas e é até mesmo protegido pelo Estado. É claro que, para alguns de nós, principalmente os que encaram a escrita como apenas hobbie, direitos autorais não têm tanta importância. Contudo, caso você venha a publicar um livro, ou apenas a registrar a sua história na Biblioteca Nacional, vale pesquisar sobre o assunto e, caso o seu título seja inédito, conseguir os direitos autorais dele também.

É isso aí, queridos, até a próxima. Beijinhos da Noni!

Bibliografia



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Como fazer uma boa descrição

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Por: KILL JOYS
Perfil: http://fanfiction.com.br/u/89732/

            Bom dia, boa tarde, boa noite! Aqui é a KILL JOYS novamente. Como estão? Espero que aproveitando a copa tanto quanto eu estou para colocar as fanfics em dia, HEUEHUEH. Bom, hoje vim falar com vocês sobre um assunto de, provavelmente, muito interesse de vocês: como fazer uma boa descrição.

            Antes de falar especificamente sobre os diferentes meios de se descrever, deixo aqui a dica que acredito ser a mais importante para qualquer tipo de prosa: escreva se lembrando de que alguém vai ler.

            É, parece bobagem falando assim. Lembrete óbvio, não, dona KILL JOYS? Não, não é. Muitas vezes nós escrevemos pensando apenas na nossa perspectiva de autor e não nos lembramos de que, quem está lendo, não está dentro da nossa cabeça para entender tão bem a história. E essa dica vale para o modo de narração, para a organização das cenas, distribuição das falas e, no caso do nosso post, para a descrição.

            Navegando na internet sobre esse assunto, achei uma definição para descrição que vale ser citada aqui:

“Descrever é representar, por meio de palavras, as características de seres e objetos percebidos através dos sentidos. O objetivo da descrição é transmitir ao leitor uma imagem daquilo que observamos. É como compor um retrato por meio de palavras, fazendo com que o leitor perceba as características marcantes do ser que estamos descrevendo e de modo a não confundi-lo com nenhum outro.”

            Desse modo, descrever é enumerar características das cenas, dos sentimentos, dos seres inanimados e animados de sua história. Por isso é importante ter sempre em mente que o leitor não sabe nada do enredo ou dos personagens. Devido a isso, temos três grandes dicas acerca desse assunto.

            A primeira dica que vos dou sobre uma boa descrição é não fazê-la de modo excessivamente e de uma vez só. Muitas vezes os autores têm o costume de escrever todas as características do personagem principal logo no primeiro capítulo, nos primeiros parágrafos. Mal você começa a ler e logo já vêm mil e uma características: Vitor era loiro de olhos verdes, bem alto, magro, corpo definido (uma vez que fazia academia todos os dias), tinha um sorriso lindo, dentes extremamente brancos e sempre fazia todas as garotas se apaixonarem por si. Ao terminar de ler essa frase, a primeira coisa que a maioria pensa é: ufa.

            Além de ser cansativo, o leitor não absorve todas as características de uma vez só. No fim do capítulo, se houver a descrição dessa maneira de todos os personagens, é difícil para quem está lendo saber reconhecer quem é quem. Por isso, o mais interessante é fazer esse trabalho aos poucos. No caso do exemplo anterior, comece falando das características gerais primeiro – cor dos cabelos, dos olhos. Fale um pouco sobre o sorriso no primeiro parágrafo ao comentar que Vitor sempre fazia todas as garotas se apaixonarem. No parágrafo que você for contar da academia, comente sobre o corpo, a estatura. Assim, pouco a pouco, o leitor vai criando e fixando a imagem do seu personagem na mente.

            A segunda grande dica a respeito desse assunto é fazer uso das inúmeras ferramentas que a língua portuguesa nos oferece. Poucas maneiras são melhores do que fazer uma descrição que não seja uma boa comparação ou metáfora. Se for uma caracterização de alguma emoção, aí qualquer figura de linguagem é muito mais que bem-vinda. Procure no dicionário sinônimos para substituir as palavras já consideradas clichês. Faça frases nominais. Tudo isso ajuda muito.

            Vejam só a diferença:

            A frase “disse com sua voz suave, e seus lábios abriram um grande sorriso.” Poderia ser reescrita em algo parecido, porém com mais descrição, “Sua voz aveludada saiu de seus lábios sobejamente atraentes e eles se abriram em um riso sem som.”.

            Ou até mesmo frases bobas como “seus dedos estavam frios” podem ter outra cara com palavras diferentes, “seus dígitos estavam gélidos”.

            E, por incrível que pareça, a pontuação também ajuda a melhorar a descrição, porque muda a maneira de ler. Na frase “Naquele reino, a situação era de miséria, já que havia mulheres desesperadas, crianças famintas e homens doentes”. Ao mudar a pontuação, damos outra cara para a cena: “Mulheres desesperadas. Crianças famintas. Homens doentes. A situação naquele reino era de completa miséria”.

            Descrever, além de facilitar a imaginação, deixa o texto mais a cara do autor. O modo em que a caracterização é feita é uma das assinaturas mais perceptíveis de um autor dentro da história.            

            Por último e não menos importante, a terceira dica: escolha a descrição que combine mais com seu texto. Se seu texto for narrado em primeira pessoa e a personagem for emotiva, o melhor é fazer uso de muitas figuras de linguagem, como em “A Menina que Roubava Livros”. Se for um sociopata narrando, por exemplo, não economize na descrição. Algumas histórias não têm uma descrição muito detalhada, mas se encaixam perfeitamente com o enredo – o melhor exemplo disso é “Senhor dos Anéis”.

            Bom, acho que é isso. Tenha em mente essas três dicas e preste muita atenção na maneira em que você está levando a história, que logo você encontrará seu próprio jeito perfeito de descrever. Qualquer dúvida, estou a dispor.

Fontes:

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Cometa Erros Interessantes

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Por: Hairo-Rodrigo

“Como que se faz para escrever bem?"

Eu sempre gostei de saber o que os escritores profissionais faziam para escrever. De que modo eles trabalhavam. Qual o caminho que eles escolheram para isso. Talvez porque um dia eu queira me tornar um escritor profissional também, mas há aquela parte de mim que simplesmente faz aquela pergunta: “O que faz o trabalho deles tão diferente do meu?”.

Mas sempre que eu procuro saber o que um escritor profissional tem de tão especial, eu encontro a mesma resposta: ele escreve.

Nossa, mas que raiva que isso me dá... Eu sei que ele escreve, oras. Eu sei que o que ele faz é escrever, afinal, o cara é um escritor! Eu quero saber como ele escreve. O que ele faz para escrever, e ninguém nunca entende isso. Todos eles sempre têm a mesma resposta: “Simplesmente escreva”.

Até que outro dia, sentado em um bar, conversando sobre uma ideia de história com uns amigos que nunca escreveram nada, eles me fizeram exatamente a pergunta que eu sempre fiz aos outros: “Como você escreve isso, cara?”.

Aquilo era uma conversa inocente de bar, em meio a copos e aperitivos, e eu não estava pensando muito. Estava relaxado e encarei a pergunta justamente como ela me foi apresentada, sem pretensões e cheio de inocência. Mastiguei um punhado de amendoins enquanto pensava em uma resposta e, quando terminei, não tinha chegado a qualquer conclusão. Respondi então, dando de ombros: “Sei lá, pô... Eu só escrevo”.

A realidade do que eu disse só foi me atingir quando cheguei em casa e relembrei o bate-papo. A primeira reação foi a de me sentir estúpido por ter feito exatamente o que eu sempre reclamei que faziam. A segunda foi até falta de modéstia, pois não me contive em pensar: “Será que eu estou me tornando um daqueles autores para quem eu sempre quis fazer aquela pergunta?”. Fez bem para o ego, admito, mas passou.

Por último, porém, veio um misto de aceitação e compreensão. Não é que a resposta que eu sempre odiei seja insuficiente. Eu apenas nunca a entendi direito. Ela podia não ser aquilo que eu queria ouvir, mas isso não faz dela menos verdadeira. Entendem?

Com isso em mente, trago para vocês um cara muito bem-sucedido, daqueles para quem eu sempre quis perguntar o que ele fez para chegar onde está e que, mais do que ser um escritor profissional, faz exatamente o que eu disse: ele escreve.

Seja na série de quadrinhos “Sandman”, nos scripts de “A Lenda de Beowulf” ou nas páginas de “Stardust” (esse mesmo, que virou filme há alguns anos), Neil Gaiman está sempre escrevendo. Mais do que autor, roteirista ou cartunista, ele é um escritor, no sentido mais amplo da palavra. O que ele sempre quis fazer era escrever, por tanto, ele escrevia. E escreve muito.

Aqui estão as respostas dele para aquela minha pergunta lá do início e, no fim, o vídeo de um discurso espetacular que ele fez na formatura da Faculdade das Artes, em 2007, na Filadélfia. O discurso ficou tão legal que, posteriormente, foi transcrito e vendido na forma de livro, intitulado “Make Good Art”. Talvez ele, com um pouco mais de propriedade, seja mais capaz de ajudar vocês a entenderem aquela resposta do que eu. Cada palavra vale a pena. Aproveitem. 

As regras para escrever de Neil Gaiman:

1 – Escreva;
2 – Bote uma palavra após a outra. Escolha a palavra certa e escreva;
3 – Termine o que você estiver escrevendo. O que quer que você precise fazer para terminar, termine;
4 – Coloque o livro de lado. Leia como se você nunca tivesse lido antes. Mostre a amigos que tenham uma opinião que você respeite e que gostem do tipo de história que você escreveu;
5 – Lembre-se: Quando as pessoas dizem que tem alguma coisa errada ou que alguma coisa não funcionou para elas, elas quase sempre têm razão. Quando elas te dizem exatamente o que está errado e como consertar, elas quase sempre estão erradas;
6 – Conserte. Lembre-se de que cedo ou tarde, antes que aquilo atinja a perfeição, você vai ter que deixar aquilo de lado e começar a escrever a próxima coisa. Alcançar a perfeição é como alcançar o horizonte. Siga em frente;
7 – Ria das suas próprias piadas;
8 – A principal regra sobre a escrita é que, se você fizer isso com segurança e confiança o suficiente, você pode fazer o que você quiser (isso pode ser uma regra para a vida também, mas definitivamente é verdade para a escrita). Então escreva sua história como ela precisa ser escrita. Escreva honestamente e conte-a da melhor maneira que você puder. Não tenho certeza se existem outras regras. Pelo menos não regras que importem... ”.


O vídeo:
Caso as legendas não apareçam de primeira, basta ativá-las na barra de controle do vídeo, ao lado da engrenagem das configurações, próxima à opção de colocar em tela cheia.

Fontes:
GAIMAN, Neil; “Neil Gaiman’s Rule for Writers; Publicado em 22 de fevereiro de 2010, disponível em: http://www.theguardian.com/books/2010/feb/22/roddy-doyle-rules-for-writers

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Diferença entre Hentai, Lemon e Orange

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Por: Carol F. (Annye)

Se você acompanha o blog da Liga há algum tempo, deve ter visto o “Dicionário de termos e siglas do mundo das fanfics ”, caso ainda não tenha visto, fica a dica de um post que pode te ajudar bastante na hora de buscar e classificar fanfics. 
Mas nesse post vamos explicar um pouco mais sobre três termos desse dicionário: Hentai, lemon e orange (e alguns outros sinônimos dessas palavras), bem como dar algumas dicas na hora de escrever esses gêneros. 

O que têm em comum?
Hentai, lemon e orange são subgêneros de escrita que classificam uma fiction. Toda vez que você vir uma dessas três palavras, saiba que o conteúdo que você lerá contém cenas de sexo explícito e deverá acompanhar a classificação +18 (ou M).  
– Então não existem Hentais/Lemons/Oranges com a classificação +16?
Não. Fanfics que contém temas adultos e sexo implícito recebem o título de Lime. Caso a fanfic seja focada em animes, mangás e obras da cultura japonesa, pode-se usar o termo “Shounen-ai” (para casais masculinos) e “Shoujo-ai” (para casais femininos), embora esses termos estejam ligados mais a um relacionamento platônico e cenas leves de romance nas quais há alguma insinuação ao ato sexual. 
As semelhanças, contudo, acabam por aqui. Vamos às diferenças.

Hentai
Fanfics com esse tema abordam relacionamento heterossexual adulto. Provavelmente o uso dessa palavra em nosso universo teve influência direta de mangás e fanfics de animes. Contudo, hoje é utilizada em todas as categorias do Nyah! (e outros sites de fanfictions, internet a fora). 
– Espera aí, eu já vi a palavra “lemon” ser utilizada no lugar desse “hentai”. Qual o certo?
Poderia escrever um grande discurso sobre “como a língua se modifica” ou “palavras podem ter significados diferentes para diferentes grupos”, mas vou simplificar com um “depende”. 
Dentro deste texto, a única forma aceita seria hentai mesmo, pois lemon terá outro significado (como poderá ser visto logo adiante). Além disso, a disseminação da palavra “lemon” como sendo relação sexual heterossexual veio, provavelmente, porque as fanfics da categoria lemon eram muito populares e conhecidas justamente por suas cenas de sexo. 
Enfim, nesse caso não temos um padrão. Se você posta suas fanfics no Nyah!, sugiro o uso do bom e velho hentai mesmo. Mas se você posta (ou lê) fanfics em outros sites, pode ocorrer de elas serem marcadas como lemon, desde que seja usual para aquele grupo (não se esqueçam de ter bom senso, ok?).  

Lemon
Caracteriza fanfics que tenham relação homossexual adulta entre dois homens. 
– Pode ser relação homossexual entre duas mulheres?
Não.
– E entre homem e mulher?
Cai no tópico que acabamos de abordar lá no “hentai”. Até pode, mas eu recomendo que não use (principalmente no Nyah!). 
Também é importante falar que “lemon” tem alguns sinônimos: yaoi e slash.
– Tá, tia, então tem lemon, yaoi e slash. E qual eu uso?  
Confesso que nem eu mesma sabia a diferença entre essas três palavras e, minha resposta instintiva seria: qualquer uma. Mas após pesquisas, consegui uma resposta.
Yaoi é o PWP (sigla para porn without plot, que significa “sexo sem enredo”) cujo o casal central é composto por dois homens. Além disso, esse gênero é usualmente utilizado para fanfics de origem japonesa (ou seja, animes e mangás). 
Já Lemon e Slash têm significados praticamente iguais. A única diferença que eu achei é que “slash” caracteriza relacionamento amoroso, ou seja, eles obrigatoriamente são o casal principal romântico da fanfic. Lemon simplesmente significa que haverá sexo explícito entre duas personagens do mesmo sexo em grande parte da fanfic. 
No Nyah!, quando vamos classificar os gêneros, não existe a opção “slash”, deixando subentendido que Lemon é o substituto da palavra. Então, para todos os efeitos, usamos: Lemon para relacionamento adulto homossexual masculino e Yaoi para cenas de sexo homossexual masculino que não terão um enredo OU (por favor, reparem bem nesse “ou”) fanfics que sejam com um tema advindo da cultura japonesa.

Orange
É a contraparte feminina do “Lemon”. Ou seja, relação homossexual adulta entre duas mulheres. 
Fanfics com esse tema são bem menos populares que as “Lemons”, por isso, praticamente todas suas nomenclaturas tiveram como base palavras masculinas (Orange relacionado ao Lemon, Femmeslash ao Slash e Yuri ao Yaoi).
“Femmeslash” seria a contraparte feminina do “Slash”. Caracteriza relacionamento central amoroso entre duas mulheres. 
“Yuri” seria a contraparte feminina do “Yaoi”. Caracteriza obras de origem japonesa que apresentam relações sexuais entre um casal homossexual feminino. 
– Espera ai, tia! Yuri não pode ser PWP como o Yaoi?
Como já disse acima, quem sou eu para falar o que você pode e o que você não pode? Mas devo avisar que não é algo usual.
No Nyah!, também não existe o uso do termo “femmeslash”; então as nomenclaturas ficam: Orange, como sendo relacionamento adulto homossexual  feminino e Yuri, como sendo relacionamento adulto homossexual feminino (se a obra tiver influência japonesa). Simples assim. 

Dicas
Depois de elucidar vossas dúvidas sobre o tema, queria fechar esse artigo com algumas dicas que vocês podem utilizar para escrever bons Hentais/Lemons/Oranges, porém, todos precisam de dicas muito direcionadas, e eu não quero me estender ainda mais. Por isso, selecionei alguns textos já publicados no blog da Liga, que caíram como uma luva para complementar esse artigo.
Se você procura dicas para Hentai, os links abaixo podem te ajudar:

Se você procura dicas para Lemons, os links abaixo podem te ajudar:

E se você procura dicas para Orange... Bem, não temos sequer um artigo com essa finalidade. Ainda. De qualquer forma, ler os dois artigos da categoria Hentai e o primeiro da categoria Lemon pode ajudar grandemente, ainda que não sejam direcionados especificamente para esse fim. 

Concluindo
É bem compreensível que haja dúvidas na hora de classificarmos uma fanfic, principalmente porque, como já foi dito, a linguagem é dinâmica e vive em constante mudança. 
Por isso, espero que esse texto tenha esclarecido todas as questões referentes aos temas abordados. 
Caso esse artigo não tenha sido suficientemente claro, ou você discorde de alguma definição, ou então tenha algo a complementar (como um link com dicas de Orange, rs), os comentários são um espaço aberto que espera por você. 


Material consultado 
Além dos textos já linkados nesse artigo, utilizei o http://www.urbandictionary.com/ para me nortear nas definições. 


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As imagens que servem de ilustração para o posts do blog foram encontradas mediante pesquisa no google.com e não visamos nenhum fim comercial com suas respectivas veiculações. Ainda assim, se estamos usando indevidamente uma imagem sua, envie-nos um e-mail que a retiraremos no mesmo instante. Feito com ♥ Lariz Santana